quinta-feira, 17 de maio de 2007

Vermelho Não Serve Para Luto (Complementado)

Também nesta quarta-feira, por volta das 16:00 horas, recebo a comunicação da prisão em flagrante de um pastor de igreja evangélica. Ele diria seu automóvel na madrugada, alcoolizado e portando arma de fogo sem autorização para tanto.

Apenso à comunicação da prisão, uma petição de advogado requerendo o arbitramento de fiança.

Examinei o auto de prisão, perfeito, homologando-o. Em seguida passei para o requerimento de fiança e, sem vislumbrar óbice para arbitrá-la,fixei-a em valor equivalente a 05 salários mínimos.

Já se aproximava das 18:00 horas, final de expediente para quem está na condição de juiz plantonista, quando a minha fiel escudeira me chama ao telefone e pede que eu fale com o advogado do pastor.

- Pois, não doutor, é juiz Carlos Zamith quem fala...
- Doutor... (esclareça-se que eu não tenho doutorado, mas, deixa pra lá...) é que os bancos estão fechados neste horário e eu gostaria de saber se eu poderia deixar um cheque para garantir a fiança a fim de que o alvará de soltura seja expedido ainda hoje, porque blá, blá, blá....
- Escute, doutor XX, não há previsão legal para esse pedido, mas eu entendo sua preocupação e até concordaria em expedir o documento hoje, caso o depósito seja feito em dinheiro, aos cuidados do cartório (temos cofre), para transferencia amanhã, quando o banco reabrir.
- Ok, Excelência (eu não sou superior a ninguém, mas, vá lá, é praxe), vou checar a disponibilidade da "igreja" e retorno a ligação em seguida.

Deu 18:00 horas,não houve retorno e eu encerrei meu expediente sem assinar o alvará.

Em casa, fiquei a matutar: se esse telefone do fórum está sob escuta e o monitor ouve esse diálogo, eu vou aparecer mal na fita.

Até eu explicar que vermelho não serve pra luto....

PS: Lembrei das gravações feitas pela operação Furacão, na qual o Desembargador Federal Carreira Alvim foi flagrando exigindo do intermediário: "a minha parte em quero em dinheiro...."

PS. O pastor saiu no dia seguinte, após seu advogado recolher o valor da fiança na rede bancária.

10 comentários:

Anônimo disse...

Nas delegacias essa situação é comum: não raro, quando é possívell o arbitramento de fiança pelo delegado de polícia, a familia fica muito ressabiada quando recebe telefonema na madrugada informando que o parente esta preso e que deve ser recolhida uma fiança. Quase sempre essa palavra é entendida do outro lado da linha como "fiança". Até explicar...

Anônimo disse...

Não seria "quase sempre essa palavra é entendida do outro lado da linha como "propina"?

Anônimo disse...

PROPINA? Isso existe dentro da nossa honrosa Policia Civil?
Eguinaldo.

Anônimo disse...

Para Dr. Eguinaldo : se é que isto responde sua pergunta : ... Não! Propina não consta nem no dicionário jurídico.

Anônimo disse...

Concordo com você em genero e grau
abraços LHÔ.

Anônimo disse...

alguem pode identificar esta jovem que se chama LHÔ!!!
Eguinaldo

Anônimo disse...

Só sei que nao conhece nem um pouquinho da Lingua Portuguesa. Recordista de "errus".

Anônimo disse...

Trata-se do Dr. Badalheau (pronuncia-se Badalhô), famoso causídico que obteve diploma por correspondência no antigo Instituto Universal Brasileiro - IUB.

Anônimo disse...

Coitada

Anônimo disse...

Excelencia, e afinal, apareceu o dinheiro da fiança? O "pobre pastor" já está liberto? Ou só depois de domingo? :D