terça-feira, 12 de junho de 2007

Defesa conflitante - Parte II


Para quem não é do ramo, Francesco Carnelutti, autor de "As Misérias do Processo Penal", clássico da mesma envergadura que "Dos Delitos e das Penas", de Cesare Beccaria, apresenta-se como um dos maiores juristas italianos e é referência para quem atua na área criminal.

Ao interrogar os acusados do assalto à casa noturna Porão do Alemão, lembrei de Carnelutti. Na obra referida ele admite a complexidade do ser humano, presente até na maneira de sentir a caridade: "existem aqueles que concebem o pobre com a figura do faminto, outros do vagabundo, outros do enfermo, para mim, o mais pobre de todos os pobres é o encarcerado", afirma ele.

Quando recebi os réus para o interrogatório, algemados, cabisbaixos, sentados a minha frente, num contraste desditoso, definido como "a majestade do homem de toga em contraposição ao homem na jaula", fiquei a pensar na dinâmica do assalto: encapuzados e armados, subjugando suas vítimas, os réus (dois deles) ali, naquele momento, sentiam-se senhores do mundo. Mas, aqui, na minha frente, as "feras", algemadas, tornaram-se simples mortais.

3 comentários:

Unknown disse...

é o medo da lei e da punição iminente. cadeia neles!

Carlos Zamith Junior disse...

Calma, meu homônimo. Pena não é castigo.
Abraços.

Toinho disse...

Verdade Zamith.
TOINHO