quinta-feira, 5 de julho de 2007

Sandálias da humildade - Parte II


Depois de ser impedido de participar de uma audiência por estar calçando chinelos de dedo, o trabalhador rural Joanir Pereira conseguiu ontem, finalmente, um acordo no Fórum de Cascavel, oeste do Estado.

O juiz Bento Luiz de Azambuja Moreira, da 3ª Vara do Trabalho do município, pediu desculpas formais ao rapaz durante a nova audiência e levou um par de sapatos para presenteá-lo, mas ele não aceitou e preferiu permanecer com os calçados emprestados do sogro, dois números a menos do que ele usa.

Moreira afirmou que não aceitou realizar a primeira audiência porque não estava acostumado com pessoas usando chinelos de dedo em ambientes formais.
"Atuei como juiz dez anos em Curitiba, onde os hábitos são diferentes, onde há um consenso social de que a pessoa não vá de chinelos a uma audiência. Mas aqui a situação é diferente. Temos muitas áreas rurais. Tenho que refazer os meus conceitos", afirmou.

Ele disse ainda que não pensou que a atitude do rapaz fosse uma ofensa. "Mas pensei que devemos manter o decoro em uma audiência. Em um casamento, por exemplo, você vai vestido adequadamente", exemplificou. No termo da audiência do dia 13 de junho, o juiz havia dito que "o calçado é incompatível com a dignidade do Poder Judiciário".

O advogado de Pereira, Olímpio Marcelo Picoli, vai entrar com uma ação indenizatória contra Moreira. Picoli havia pedido que a nova audiência não fosse realizada pelo mesmo juiz, mas, como houve acordo, o advogado desistiu do pedido. O acordo prevê que a empresa que demitiu Pereira e não fez o acerto corretamente pague R$ 1,8 mil ao trabalhador. Segundo Olímpio, seu cliente ficou satisfeito com o valor.

Se você não entendeu este post, leia aqui a origem da notícia: sandálias da humildade.

Fonte: site Migalhas.

10 comentários:

Anônimo disse...

Carlos, numa simples leitura, tipo bate-bola, poderia afirmar que esse menino é dos meus. Ou dos nossos, pensando melhor.
Já depois, sentindo um juiz purgado e espremido pela opinião pública, voltando atrás e até pensando em presentear o sem sapatos,diante da recusa, fiquei a me perguntar por onde anda essa tal de humildade.
Você bem sabe que o Diabo veste Prada e um advogado, dependendo do alardeamento de um caso, pode até aumentar os pés de um cliente, para caberem num sapato menor. Pode não ser o caso do caso focado.
Me corrija, se eu estiver equivocada, ou palpitando de forma errada.
O caso foi solucionado através do bendito acordo. Essa é a parte importante.
Me corrija, sempre, sempre.

Pietra Carreras

Unknown disse...

Carlos,
Li na Folha on Line que o sapato ofertado era usado...será que isso foi o motivo do Pereira ter se sentido humilhado?

Anônimo disse...

Devemos pelo menos elogiar a atitude do Magistrado, que teve a "humildade" de pedir desculpas. Quantos conhecemos que erram e acham que est�o certos!!!!!!
EGUINALDO.

Anônimo disse...

E, pesou na consciência do Magistrado, isso serve de lição para outros magistrados que pensam que tem o rei na barriga.
Abraços.

Anônimo disse...

Reconhecer os erros,Virtude.
Nao reconhece-los, arrogancia.
Esse teclado nao tem acentos.
Ponto pro Juiz.

Anônimo disse...

Com o devido respeito aos que pensam diferente, mas deixando a hipocrisia de lado, nao vejo, sinceramente, motivo pra esse estardalhaço todo contra o magistrado. No Rio as pessoas andam de sunga e descalças nas ruas, nos bancos... Se a moda pega, ter-se-ia que permitir também tais trajes,em audiência, atendendo as peculiaridades de cada regiao. A pressao contra o juiz foi tanta, na mídia - que parece que nao tem sobre o que falar - que o pobre acabou fazendo uma besteira maior, ao tentar presentear a "vítima", cujo esperto "advogado", pretende tirar proveito, ajuizando uma açao por danos morais. Parece brincadeira.

Toinho disse...

Eguinaldo, com todo respeito a sua opinião, não acho que a "humildade" do juiz tenha sido espontânea. Será que se o caso não tivesse tido e repercussão que teve ele teria tido essa "humildade"?
Forte Abraço,
Toinho

Toinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Toinho disse...

E outra coisa relevante, o Poder Judiciário não está com essa dignidade toda não, como os demais poderes do nosso "lindo e triste Brasil". Com todo respeito Dr. Zamith.
Toinho

Carlos Zamith Junior disse...

Lorena, o sapato realmente oferecido pelo juiz era usado. Acredito que ficou uma ponta de ressentimento no Pereira,

Pietra: corrigir você?

Meu pitaco é que o juiz se assustou com a repercussão, mas o formalismo dele é de "raiz", não se larga da noite para o dia. Nossa evolução é lenta, muito lenta.
Abraços a todos.